terça-feira, 2 de abril de 2013

O PADRÃO BÍBLICO DE AVIVAMENTO




Qual o padrão bíblico de avivamento? Os avivamentos bíblicos oferecem alguma coordenada para a renovação da igreja evangélica no Brasil de hoje?

Estas são algumas das perguntas que procuraremos responder no decorrer desse estudo.

I - O significado bíblico do termo "Avivamento":

1.1. No Antigo Testamento:

O verbo hebraico hyh (avivar) tem o significado primário de "preservar" ou "manter vivo". Porém, "avivar" não significa somente preservar ou manter vivo, mas também purificar, corrigir e livrar do mal. Esta é uma conseqüência natural em toda vez que Deus aviva. Na história de cada avivamento, dentro ou fora da Bíblia, lemos que Deus purifica, livra do mal e do pecado, tira a escória e as coisas que estavam impedindo o progresso da causa (1).


O verbo "avivar", em suas várias formas (2), é usado mais de 250 vezes no Antigo Testamento, das quais 55 vezes estão num grau chamado piel. Um verbo nas formas do Piel expressa uma ação ativa intensiva no hebraico. Neste sentido, o avivamento é sempre indicado como uma obra ativa e intensiva de Deus. Alguns exemplos de sua ocorrência são as clássicas orações de Davi, como esta: "Porventura, não tornarás a vivificar-nos (3), para que em ti se regozije o teu povo?" (Sl 85.6) (4), e da clássica oração do profeta Habacuque: "Tenho ouvido, ó Senhor, as tuas declarações, e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer dos anos, e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na tua ira, lembra-te da misericórdia" (Hc 3.2).



1.2. No Novo Testamento:

Encontramos no Novo Testamento grego um conjunto de palavras que expressam o conceito básico de avivamento. São elas: 'egeíro, 'anastáso, 'anázoe e 'anakaínoo. Outras palavras gregas comparam o avivamento ao reacender de uma chama que se apaga aos poucos (cf. 'anazopyréo em 2 Tm 1.6) ou uma planta que lança novos brotos e "floresce novamente" (cf. 'anaphállo em Fp 4.10).


No Novo Testamento grego as palavras supracitadas aparecem, no contexto de avivamento, apenas sete vezes, embora a idéia básica de avivamento seja sugerida com mais freqüência. Uma possível explicação para o uso escasso dos termos, em comparação ao Antigo Testamento, é que o Novo cobre apenas uma geração, durante a qual a Igreja Cristã desfrutou, na maior parte do tempo, um grau incomum de vida espiritual.



II - O que não é avivamento bíblico:



Antes de falarmos sobre avivamento bíblico, propriamente dito, acreditamos ser de grande ajuda uma abordagem, mesmo que rápida, do que não é o padrão bíblico de avivamento.


O Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro AVIVAMENTO URGENTE, apresenta sete interessantes razões sobre o que não deve ser entendido como avivamento de verdade. Sou devedor ao dileto colega por suas pertinentes observações. Transcrevo-as quase que na íntegra.



2.1. Avivamento não é um programa agendado pela igreja.

Avivamento não é ação da igreja, mas de Deus. Avivamento é obra soberana e livre do Espírito Santo. A igreja não promove e nem faz avivamento. A igreja não é agente de avivamento. A igreja não agenda e nem programa avivamento. A igreja só pode buscar o avivamento e preparar o caminho da sua chegada. A igreja não produz o vento do Espírito, ela só pode içar suas velas em direção a esse vento.


A soberania de Deus, no entanto, não anula a responsabilidade humana. O avivamento jamais virá se a igreja não preparar o caminho do Senhor (5). O avivamento jamais acontecerá se a igreja não se humilhar. Sem oração da igreja, as chuvas torrenciais de Deus não descerão. Sem busca não há encontro. Sem obediência a Deus, jamais haverá derramamento do Espírito. Contudo, quem determina o quando e o como do avivamento é Deus. Ele é soberano. David Brainerd orou vários anos pelo avivamento entre os índios peles vermelhas no século XVIII. Aquele jovem, ajoelhado na neve, suava de molhar a camisa, em agonia de alma, em oração fervente, em favor daqueles pobres índios. Quando o seu coração parecia desalentado e já não havia prenúncios de chuva da parte de Deus, o Espírito foi poderosamente derramado e os corações se dobraram a Cristo aos milhares.

sábado, 23 de março de 2013

PRECISAMOS NOVAMENTE DE HOMENS DE DEUS




A igreja, neste momento, precisa de homens, o tipo certo de homens, homens ousados. Afirma-se que necessitamos de avivamento e de um novo movimento do Espírito; Deus, sabe que precisamos de ambas as coisas. Entretanto, Ele não haverá de avivar ratinhos. Não encherá coelhos com seu Espírito Santo.
A igreja suspira por homens que se consideram sacrificáveis na batalha da alma, homens que não podem ser amedrontados pelas ameaças de morte, porque já morreram para as seduções deste mundo. Tais homens estarão livres das compulsões que controlam os homens mais fracos. Não serão forçados a fazer as coisas pelo constrangimento das circunstâncias; sua única compulsão virá do íntimo e do alto.
Esse tipo de liberdade é necessária, se queremos ter novamente, em nossos púlpitos, pregadores cheios de poder, ao invés de mascotes. Esses homens livres servirão a Deus e à humanidade através de motivações elevadas demais, para serem compreendidas pelo grande número de religiosos que hoje entram e saem do santuário. Esse homens jamais tomarão decisões motivados pelo medo, não seguirão nenhum caminho impulsionados pelo desejo de agradar, não ministrarão por causa de condições financeiras, jamais realizarão qualquer ato religioso por simples costume; nem permitirão a si mesmos serem influenciados pelo amor à publicidade ou pelo desejo por boa reputação.
Muito do que a igreja faz em nossos dias, ela o faz porque tem medo de não fazê-lo. Associações de pastores atiram-se em projetos motivados apenas pelo temor de não se envolverem em tais projetos.
Sempre que o seu reconhecimento motivado pelo medo (do tipo que observa o que os outros dizem e fazem) os conduz a crer no
que o mundo espera que eles façam, eles o farão na próxima segunda-feira pela manhã, com toda a espécie de zelo ostentoso e demonstração de piedade. A influência constrangedora da opinião pública é quem chama esses profetas, não a voz de Jeová.
A verdadeira igreja jamais sondou as expectativas públicas, antes de se atirar em suas iniciativas. Seus líderes ouviram da parte de Deus e avançaram totalmente independentes do apoio popular ou da falta deste apoio. Eles sabiam que era vontade de Deus e o fizeram, e o povo os seguiu (às vezes em triunfo, porém mais freqüentemente com insultos e acossamentos públicos); e o ganho de tais líderes foi a satisfação de estarem certos em um mundo errado.
Outra característica do verdadeiro servo de Deus tem sido o amor. O homem livre, que aprendeu a ouvir a voz de Deus e ousou obedecê-la, sentiu o mesmo fardo moral que partiu os corações dos profetas do Antigo Testamento, esmagou a alma de nosso Senhor Jesus Cristo e arrancou abundantes lágrimas dos apóstolos.
O homem livre jamais foi um tirano religioso, nem procurou exercer senhorio sobre a herança pertencente a Deus. O medo e a falta de segurança pessoal têm levado os homens a esmagarem os seus semelhantes debaixo de seus pés. Esse tipo de homem tinha algum interesse a proteger, alguma posição a assegurar; portanto, exigiu submissão de seus seguidores como garantia de sua própria segurança. Mas o homem livre, jamais; ele nada tem a proteger, nenhuma ambição a perseguir, nenhum inimigo a temer. Por essa razão, ele é alguém completamente descuidado a respeito de seu prestígio entre os homens. Se o seguirem, muito bem; caso não o sigam, ele nada perde que seja querido ao seu coração; mas, quer ele seja aceito, quer seja rejeitado, continuará amando seu povo com sincera devoção. E somente a morte pode silenciar sua terna intercessão por eles.
Sim, se o cristianismo evangélico tem de permanecer vivo, precisa novamente de homens, o tipo certo de homens. Deverá repudiar os fracotes que não ousam falar o que precisa ser externado; precisa buscar, em oração e muita humildade, o surgimento de homens feitos da mesma qualidade dos profetas e dos antigos mártires.
Deus ouvirá os clamores de seu povo, assim como Ele ouviu os clamores de Israel no Egito. Haverá de enviar libertação, ao enviar libertadores. É assim que Ele age entre os homens.
E, quando vierem os libertadores... serão homens de Deus, homens de coragem. Terão Deus ao seu lado, porque serão cuidadosos em permanecer ao lado dEle; serão cooperadores com Cristo e instrumentos nas mãos do Espírito Santo...

A.W. Tozer

sábado, 22 de dezembro de 2012

O EVANGELHO





O Evangelho, a Boa Notícia de Deus ao mundo! O que é o Evangelho, se não a certeza de que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo não imputando aos homens as suas transgressões e essa é uma decisão unilateral de Deus? 

O que é o Evangelho, se não o fato de que nós o amamos, quem quer que de nós o ame e isso porque Ele nos amou primeiro? O que é o Evangelho, se não a certeza de que não há barganhas a fazer com Deus de que está tudo consumado e pago que o grito definitivo do TETELESTAI - ESTA CONSUMADO! - Cancelou todas as coisas, todas as culpas, todos os medos? 

O que é o Evangelho, se não a certeza de que o escrito de dívidas da Lei de Moisés, Lei Moral, Lei Cerimonial ou de qualquer outra natureza, foi cancelado inteiramente pois foram cravadas na cruz e com esse ato Jesus esvaziava os principados e potestades do seu poder triunfando sobre eles na cruz?

O que é o Evangelho, se não o fato real de que todo aquele que crê em Jesus, por meio de Jesus, alcança Graça em plenitude absoluta, total! Graça que me justifica, que me salva, que me santifica, que me regenera, que me unge. Essa graça não só me torna aceitável diante de Deus sem negociatas a fazer, mas também me capacita, me fortalece, me condiciona na justiça me educando na verdade pra que eu ande conforme o Evangelho?

 O que é o Evangelho, se não a maravilhosa notícia de que esta tudo feito porque se Deus não houvesse feito em meu lugar não haveria nada que eu pudesse fazer que realizasse qualquer coisa em meu favor! 

O Evangelho é Jesus e os Evangelhos testificam de Jesus! E qualquer mensagem, voz ou consciência que se antagoniza a isto, considere-a maldita e fique com o Evangelho!


David Sander Soares Pinheiro

terça-feira, 6 de novembro de 2012

PALAVRAS PROIBIDAS

Há muito me inquieta alguns fatos que tem ocorrido na igreja evangélica no Rio Grande do Sul. Falo no Rio Grande porque do Brasil sei pouco, mas imagino que não deva ser muito diferente pelos lados de lá. Desejo quando for oportuno escrever algumas linhas sobre estes fatos inquietantes cá no Clube Santo. Para início de conversa, recentemente tive contato com um pastor amigo, homem fiel a Deus e teólogo de mão cheia, que os líderes da congregação onde ele ministra solicitaram que ele não utilizasse algumas palavras pois eram muito "negativas", não eram afirmativas.


As palavras eram PECADO, SANTIDADE, RENÚNCIA,ABNEGAÇÃO,COMPROMISSO, RADICALISMO,CONVERSÃO, ARREPENDIMENTO, etc.
Qual foi a minha surpresa ao ouvir esta insanidade. Eram pessoas que abertamente queriam "suavizar" o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo em nome de 'não constranger os visitantes e serem mais positivos no acolhimento dos membros da igreja'. Graças a Deus, este pastor meu amigo é um daqueles homens forjado na fornalha da tentação e do serviço, e prontamente se posicionou: "podem falar o que quiserem, serei fiel ao meu Deus e ao meu chamado de pregador do evangelho, continuarei falando!".O ritmo da apostasia de cristãos e igrejas inteiras esta deveras acelerado. 

Em nome do 'sucesso', igrejas tem aplicado princípios de marketing e comércio em sua vida. Compram pacotes prontos do denominado movimento de crescimento de igrejas, e abraçam métodos estranhos a palavra de Deus. 

Conjuro a você, estimado leitor, que tenha cuidado com agremiações que se dizem igrejas mas que agora estão passando por uma transição para se tornarem UMA IGREJA COM PROPÓSITOS, que estão remodelando sua metodologia para se tornarem UMA REDE MINISTERIAL, ou UMA IGREJA EM CÉLULAS/G-12.

São aquelas comunidades que fazem apelos aos finais das pregações para que o cidadão 'ACEITE' Jesus somente como seu salvador e não como Senhor. São aquelas comunidades que passam a idéia de que igreja é local para o vivente se "sentir bem" e não servir, mas ser servido. São pseudo-cristãs, mas Cristo nem de longe passa lá. São aquelas que tem um discurso afirmativo, inclusivo, que não ofende.Tome cuidado, meu irmão, andam proibindo que palavras tradicionalmente são VOCÁBULOS DE DEUS, conformeJ.I.Packer, tome cuidado!



Um Abraço Largo,

Gustavo Abadie

"Mercedem passionis Agni, qui occisus est"

“Cor meum tibi offero Domine, prompte et sincere”

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Uma Igreja Sem Esperança

Esperança. Que palavra desafiadora. Aquele que aguarda a realização de algo, ou a chegada de alguém, tem esperança. Carrega dentro de si aquele sentimento maravilhoso de que vai dar certo, que há algo melhor por vir.

Pois a igreja brasileira tem deixado de lado a ,maior de todas as esperanças. A esperança da volta de Jesus. O pragmatismo tem tomado conta de nossa fé de tal maneira, que os crentes lutam por coisas terrenas. Empregam todo seu esforço por alcançar tudo o que o mundo diz que é importante. Dinheiro, fama, sucesso, reconhecimento social.

Isso ficou bem demonstrado quando a maior denominação evangélica do país, estabeleceu como objetivo principal do ano, eleger um vereador por município. Não com o afã de implantar um modo cristão de fazer politica, mas na tentativa de angariar mais poder institucional. Fazer frente as denominações neo pentecostais, que já se utilizam deste expediente desde de seu inicio. Ficou mais ratificado ainda pelo fato de vários candidatos “oficiais” terem sido eleitos, o que só nos afirma que esta doença terrenal não esta mais somente no “clero”, já se expandiu e contaminou o povo.

Abrimos mão do que nos era mais caro. Deixamos em segundo plano aquilo que foi a grande razão de a Igreja primitiva ter sido o que foi. A bendita esperança de um dia vermos o Salvador amado face a face. Os crentes do primeiro século viviam como se Cristo voltasse ao final da tarde, como se não fossem viver outro dia neste mundo de pecados e inimigo de Deus. Essa sem dúvida era a maior força desta Igreja. Pois como ameaçar alguém para o qual a morte é o caminho para estar com aquele a quem ama. Aqueles que consideram esta terra como coisa alguma, não podem ser corrompidos por nada que dela se ofereça.

Hoje os crentes exigem, tomam posse, determinam, liberam palavras proféticas, tudo em nome do bem estar aqui na terra. Tudo em nome da “vitoria”. Paula dizia que o morrer para o mundo, era vida, e lucro para ele. O mesmo Paulo disse, que se nossa esperança fosse apenas para este mundo, nós seriamos os mais miseráveis de todos os homens.

Alguém que deixa de lado a esperança de um dia estar com Cristo por toda a eternidade, para viver de modo como se tudo não passasse disto aqui , realmente deve ser chamado de miserável.

A volta de Jesus não é mais tema aprazível nos púlpitos. Ele deu lugar a prosperidade, saúde é bem estar. Mas isso tem um motivo. Porque para estar nesse maravilhoso céu nos é requerido santidade. Isso mesmo santidade. Esta que vem por intermédio da Palavra e da Oração. Só que ao nos aproximarmos desta Palavra somos confrontados, nossos pecados descobertos, e nossa consciência importunada pelo Espirito Santo. Então o povo tem preferido a mensagem que afaga o ego e mata a consciência. Afofa o berço do pecado ,da indiferença com a Palavra de Deus, e nos deixa mais em sintonia com o mundo. Uma mensagem que fala exclusivamente das necessidades humanas terrenas, e esquece da maior de todas as necessidades humanas, livrar-se do pecado que nos afasta de Deus.

Nossa morada não é aqui. Na casa do Pai há muitas moradas. Lá está nossa verdadeira esperança. Se as coisas aqui não estão como você sonhou, planejou ou imaginou, para as quias você trabalhou e ainda trabalha, mantenha a sua esperança na Esperança verdadeira, a Volta de Jesus. Como diz o velho hino;

Por que te abates ó minha alma, e te comoves perdendo a calma, não tenhas medo em Deus espera, porque bem sedo Jesus vira..”

Que Cristo reparta sua Graça, e guardem a fé!
Diego Duarte


domingo, 22 de julho de 2012

Religião e Felicidade



No dia 18 de abril de 1944, C. S. Lewis respondeu as perguntas de alguns funcionários da empresa inglesa Electric and Musical Industries Ltd. Lewis era muito bom ao lidar com perguntas sobre o cristianismo. Então, um daqueles empregados indagou:

Pergunta: Qual das religiões do mundo confere a seus seguidores maior felicidade?

Lewis respondeu: Qual das religiões do mundo confere a seus seguidores maior felicidade? Enquanto dura, a religião da auto-adoração é a melhor.

Tenho um velho conhecido já com seus 80 anos de idade, que vive uma vida de inquebrantável egoísmo e auto-adoração e é, mais ou menos, lamento dizer, um dos homens mais felizes que conheço. Do ponto de vista moral, é muito difícil. Eu não estou abordando o assunto segundo esse ponto de vista. Como vocês talvez saibam, não fui sempre cristão. Não me tornei religioso em busca da felicidade. Eu sempre soube que uma garrafa de vinho do Porto me daria isso. Se você quiser uma religião que te faça feliz, eu não recomendo o cristianismo. Tenho certeza que deve haver algum produto americano no mercado que lhe será de maior utilidade, mas não tenho como lhe ajudar nisso.

Simplesmente fantástica a resposta do escritor inglês. A cristandade contemporânea, que vende uma espécie de baú da felicidade, esqueceu do Evangelho de Cristo, cujo foco está na cruz. Cristianismo não ensina conquista, mas renúncia; não ensina triunfalismo, mas “pé no chão”; não ensina apego aos milagres, mas amor ao próximo e a Deus. A mensagem de Cristo é diferente do que o mundo oferece! Quem já ofereceu tudo de mão beijada foi o diabo (cf. Mt 4. 8-10).

Há Algo Maior que Seus Sonhos



Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus. Atos 20:24

Já faz alguns anos que a Teologia da prosperidade chegou ao Brasil. Foi muito bem vinda e recebida com euforia pela crentaiada que ingeriu a nova doutrina a grandes goles, sem ao menos respirar. Como uma grande sedutora, a velha meretriz americana, maquiada de donzela latina, não poupou a ninguém. Nem aos mais tradicionais, que cansados da velha e desbotada mensagem da cruz, decidiram deitar-se com ela e ouvir o sussurro encantador de sua voz: “Não abra mão de seus sonhos!”.

Checando os tais sonhos do terceiro mundo, chego a conclusão que, na verdade nem ao menos podem ser chamados assim. Casar-se, ter filhos, comprar uma casa própria, possuir um ou dois automóveis, concluir um curso superior, ter seu próprio negócio e construir uma casa na praia. Praticamente os mesmos anseios de toda a pessoa normal no Brasil e no mundo. Desde sempre. E pergunto: Daqui pra frente, trabalhando, estudando e economizando qual vivente não conseguirá isso por mais ateu que seja?

Os “grandes” objetivos dos novos evangélicos se resumem a enfeitar seu próprio umbigo. Sem nenhum outro propósito e alcance. São destinados a abençoar o casal, seus filhos e o cachorro. São tão lógicos que não serão notícia nem ao menos entre seus netos. E nunca transcenderão ou terão qualquer impacto além dos 200 metros quadrados do terreno aonde moram.

Se pensássemos nessas conquistas apenas como essências, seria natural, legítimo e bíblico. Mas parece que se tornou o fim e o sentido da vida para muitos. Para obter segurança na vida e conforto é que se oferta, dizima e se canta. Esperando por bençãos dessa categoria que se ora, se declara, sapateia, jejua e até pede perdão. E a ideia desse sofisma é mesmo essa: fazer-nos gastar a única vida que temos procurando estar tranquilos na velhice, deixar alguma coisinha para os filhos (que diga-se de passagem, nunca pediram isso) e queimarmos nossa única oportunidade de fazer a diferença para a glória de Deus.
Não esqueçamos que um dia seremos tão ricos e prospero quanto os europeus e americanos já foram. Esse é o curso natural para um povo tão trabalhador e uma terra tão cheia de riquezas naturais. E então, por quais motivos nossos filhos e netos estarão orando e por que precisarão buscar a Deus?

Faça com que sua vida e sua fé honrem o preço que custaram. E a única forma disso acontecer é vivendo além de você mesmo. Não descanse enquanto Deus não te der um motivo pelo qual vale a pena você ter nascido e deva gastar seus dias. Aprenda a orar dizendo ao seu criador que você será feliz com aquilo que ele julgar ser suficiente para você. Não esqueça que é impossível cuidar dos sonhos de Deus sem ao fim e ao cabo, se sentir plenamente satisfeito e completo.


Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
2 Timóteo 4:7-8 

Mauro Santos

terça-feira, 12 de junho de 2012

MELHOR É DAR DO QUE RECEBER



Recentemente o CNJ - Conselho Nacional de Justiça- fez um levantamento e constatou que existem hoje no Brasil mais de 40 mil crianças vivendo em abrigos ,alberges e ONGs. Sendo que destas mais de 5 mil estão aptas à serem adotadas. 


Não pude deixar de lembrar do incontável número de casais cristãos que não conseguem conceber, e estão a espera de um milagre de Deus, para que lhes seja descerrada a madre e alcancem a almejada paternidade. Irmãos e sobre tudo irmãs desejosas de uma criança, um ,filho o prosseguimento natural da vida a dois. Incontáveis campanhas de oração, jejuns, tratamentos médicos ,uma busca muitas vezes não recompensada. 

O apostolo Paulo em Atos dos Apóstolos capitulo 20 e verso 35 faz referencia as palavras de Jesus; “ Mais bem aventurada coisa é dar do que receber”.

Não seria esta situação na qual estão estes casais, um providencia de Deus, não para que eles recebam um milagre, mas sim para que sejam um milagre? Um milagre de Deus.

Um milagre na vida de uma criança, que está abandonada, que foi mal tratada ,abusada, violentada. Um pequeno ser que não tem esperança alguma. Provavelmente irá crescer e se tornar um adulto amargo, traumatizado, frustrado. Uma vida esperando que aqueles que dizem ter vida compartilhem com ele esta vida. 

Melhor coisa é dar do que receber, então deem , todo este carinho, afeto ,amor , que estão guardando por tanto tempo, a alguém que a tanto tempo não tem carinho, afeto ou amor. 

Não existem estatísticas de qual é o índice de adoções dentro do segmento evangélico. Mas pela vivencia própria posso perceber que é bem pequeno. O que mais vemos dentro das igrejas são casais que já tem filhos adotando, buscando dar a outras crianças o que suas crianças já tem. Estamos mais acostumados a receber do que dar. 

Buscamos um milagre, mas o quanto estamos dispostos a sermos este milagre, desprendermo-nos de nossos desejos próprios? Quase nada, é o que percebo.


Enquanto outros ainda buscam a tão sonhada “paternidade biológica,” ignorando a aptidão que receberam do próprio Senhor , para a paternidade, milhares de “brasileirinhos”, como diria nossa presidente, carecem destes crentes em Cristo, destes pais, órfãos, que seguirão órfãos, esperando um milagre, enquanto crentes esperam um milagre, ao invés de serem este milagre. 



Que Deus reparta Sua Graça, e guardem a Fé!

Diego Duarte 

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Ele te ama, é serio! E quer te salvar.







Sim o filho do Deus altíssimo te ama. O Deus poderoso, onipotente, onisciente,


majestoso, santo, provedor, criador dos céus e da terra, Reis dos Reis, senhor de tudo também te ama. Acredite é seríssimo isso que eu lhes digo, a palavra de Deus diz que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho, para que todo aquele que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna.” Jo3:16Essa é a declaração de amor, mas pura e verdadeira que há,quando digo essas palavras acredite, pois elas têm vida.

Tem um hino bem antigo que diz assim: Ninguém pagou o preço de Jesus,Ninguém foi coroado numa cruz com coroa de espinhos sob o sol....

Querido ninguém fez e nem vai fazer por você o que Jesus fez quando Jesus morreu naquela cruz ele demonstrou obediência ao pai e acima de tudo amor por nossas vidas, vidas as quais mereciam aquela cruz, mas Jesus com seu imenso amor tomou nosso lugar, e se sacrificou para que hoje você pudesse desfrutar da vida que Ele da que em sua palavra diz que é a vida com abundância, para que podermos desfrutar a paz, paz que Ele da, não conforme o mundo, mas uma paz que ninguém consegue entender, que nos faz ficar tranquilos em meio a tempestade, a paz que fez que o próprio Jesus dormisse no barco em meio a tempestade. O sacrifício vicário de Jesus, não pode ser esquecido, quando você despreza o amor de Jesusvocê esta dizendo que não valeu nada ele ter sofrido, apanhado ,sido caluniado, morto pelos nossos pecados,não despreze o sacrifico de Jesus, ele foi único e exclusivamente por você.

Você pode dizer, mas vários outros “mestres” morreram , porque a morte de Jesus é tão importante. Sabe por quê? Por que três dias depois de sua morte Ele RESSUSCITOU, a morte não venceu a Jesus - ALELUIA-, ele morreu por você e ressuscitou para que a glória do pai fosse manifesta e o seu poder anunciado , para que o poder da morte estivesse em suas mãos , e para que a sua e a minha vida pudessem ser salvas da perdição eterna.

Mas você pode me dizer que não merece ser amado por esse Deus tão maravilhoso, daí eu lhe digo É VERDADE, NEM EU NEM VOCÊ MERECEMOS, mas Ele por seu infinito amor e por sua infinita graça e misericórdia nos alcançou e nos deu salvação e amor, somente por sua graça -favor não merecido- que conseguimos desfrutar desse amor e desta salvação, pois ABSOLUTAMENTE NADA que viéssemos a fazer faria com que alcançássemos essas maravilhas.

E nós que já o aceitamos e já desfrutamos dessa vida, desse amor, dessa paz, não podemos olhar pra trás e nos deixar ludibriar pelo que o inimigo da nossa alma nos oferece, não seja ingrato para com o nosso Senhor, não abra mão do amor de Jesus pelo amor que o mundo oferece, A palavra de Deus diz que ela nos da a vida e com abundância , se Deus nos da a vida o que o inimigo das nossas almas pode nos dar? A morte, a morte eterna.

Oh Deus que possamos anunciar teu amor onde formos, daí-nos autoridade, coragem, vergonha na cara, seja o que for que nos está faltando, que esta impedindo que as nossas bocas se abram para anunciar o teu amor o teu perdão e teu sacrifício. Tira do teu povo o egoísmo, não podemos querer teu amor somente para nós não podemos proclamar teu nome somente dentro de nossas igrejas, temos que proclamar a esse mundo perdido e SEDENTO, o teu INFINITO AMOR.Nos desperta pai, Inquieta-nos nos tira do comodismo em que estamos vivendo Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos.Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.Isaías 53:4-7

Nunca se esqueça do que Jesus fez por você!!!!!!!!!


Renata Martins

quarta-feira, 23 de maio de 2012

RELIGIÃO E POLÍTICA SIM; IGREJA E ESTADO, NÃO





A CARTA A SEGUIR, foi extraída do livro Religião e Política sim, Igreja e Estado não - os evangélicos e a participação política de Paul Freston da editora Ultimato na sua abordagem refere-se ao período entre 1989 a 2002. Enviada ao prefeito recém-eleito de Santa Evangélica do Norte. O novo prefeito é evangélico e pertencente a um partido que nunca governou aquele município. Da mesma forma, lá nunca houve um prefeito evangélico, situação muito diferente da de Santa Evangélica do Sul, onde o prefeito, renomado cantor evangélico, está em seu segundo mandato. Primeiro foi eleito pelo Partido da Frente Liberal — PFL, transferindo-se logo para o Partido Progressista Brasileiro — PPB. Pouco depois estava no Partido Trabalhista Brasileiro — PTB e, em seguida, foi para o Partido de Reedificação da Ordem Nacional — Prona. O autor da carta é pastor de uma igreja na capital do Estado.


"Meu caro amigo e irmão, Escrevo estas linhas logo após o meu retorno de Santa Evangélica do Norte, ainda sob o impacto dos últimos acontecimentos. Foi um privilégio estar presente na sua posse e no culto de ação de graças que a seguiu. Quando nos conhecemos, seis anos atrás, você era apenas um jovem militante sindical. Nunca imaginei que um dia fosse chegar a prefeito, e prefeito evangélico. Você, que era ateu e achava que evangélico era a pior coisa que já apareceu neste país! Levou tempo para superar essa idéia, não é? Mas, quando mudou, mudou para valer. Sabe, quando você se converteu, eu, que estava longe, aqui na capital, tinha um certo receio. Temia que você abandonasse a política, renunciasse ao mandato de vereador e mergulhasse somente no trabalho da igreja. Estranho um pastor dizer que temia isso, não é? Mas eu temia, sim, porque você era claramente um vocacionado para a política, mas andava com um grupo de crentes avessos a tudo isso. Esse grupo foi bom para você em muitos aspectos, mas dizia que a única coisa que melhorava o mundo era Jesus no coração e que a política era perda de tempo. Não sabia que Jesus, que deve estar no coração de todos, é também o transformador da cultura. Na época, você não tinha argumentos contra os deles, mas continuou a atividade política como que por costume. Vivia uma vida cindida: na igreja, era o super crente; na política, era o militante de sempre, com a nova identidade evangélica acrescentada, mas não integrada. Ficava uma coisa postiça. Era uma situação que não podia durar para sempre, e eu temia que se resolvesse com a sua saída da política. Felizmente, meus temores não se concretizaram. Você ficou na política (e na igreja!).

 E cresceu nas duas. Agora que o evangelista da igreja virou prefeito da cidade, meu medo é outro. Você vai achar que nunca estou contente! Mas é assim: a política é importante, mas é sempre perigosa, porque mexe com o poder. Relacionar fé e política é como andar na corda bamba; nunca se pode relaxar e achar que já dominou a técnica. Meu medo é outro porque nos últimos tempos você anda com evangélicos que não têm nenhuma rejeição à política. Pelo contrário, acham que são iluminados por Deus para consertar a política. Acham que os evangélicos têm o direito de governar, pelo simples fato de serem evangélicos. Que as promessas do Antigo Testamento a Israel se aplicam aos evangélicos hoje. Estão empolgadíssimos com a sua vitória porque acham que será o ungido de Deus para transformar Santa Evangélica do Norte em protótipo da Nova Jerusalém. Na cadeira de prefeito, você será canal para as bênçãos divinas. “Deus entregou esta cidade nas nossas mãos”, um deles orou no culto de sua posse. Então, meu medo agora não é que você rejeite a política, ou que continue sem integrar a política com a sua fé, mas que você integre fé e política sem tensões, de uma forma ingênua e triunfalista, se esquecendo que todos nós somos falhos e pecadores. Essa turma da teologia do domínio não aprendeu bem a teologia, nem a história. Se os seus primeiros amigos evangélicos demonizavam toda e qualquer política, os seus novos amigos demonizam a política dos outros e divinizam a sua própria. 

Você precisa lembrar que a política é feita por homens e mulheres imperfeitos e pecadores, mesmo que sejam cristãos sinceros. É por isso que precisamos da transparência democrática, de pecadores vigiando outros pecadores, pois na política ninguém é digno de receber uma cartabranca para governar. Esse pessoal faria bem em conhecer um pouco a experiência de dois países onde evangélicos com essa teologia se tornaram presidentes. Na Zâmbia, um evangélico chamado Frederick Chiluba ganhou a eleição para presidente em 1991. Todo mundo ficou contente, porque foi um dos primeiros países africanos a restaurar a democracia. Chiluba, como você, entrou na política por meio da militância sindical. O regime lá era de partido único, e Chiluba acabou na prisão. Lá, ele se converteu. Quando a democracia começou a ser restaurada, ele se tornou candidato da oposição a presidente. Ganhou folgado. Mas as expectativas que o povo tinha foram frustradas. Não demorou para Chiluba começar a imitar o antigo regime. Só não instituiu um partido único. Mas intimidou a oposição, mudou a constituição para seu maior adversário não poder concorrer na eleição seguinte, e agora está querendo mudar a constituição de novo para poder se reeleger pela segunda vez. Desrespeitou os direitos humanos, não cumpriu muitas promessas eleitorais, favoreceu o próprio grupo étnico dele e mergulhou na corrupção. Bem, isso acontece em muitos lugares do mundo, mas Chiluba desmoralizou não apenas a si mesmo; desmoralizou também o cristianismo. Quando assumiu a presidência, ele fez três atos significativos. 

Primeiro, chamou um grupo de evangélicos para fazer uma cerimônia de purificação do palácio do governo, botando para fora os espíritos maus que ele associava ao governo anterior. Em segundo lugar, fez uma cerimônia de unção, inspirada na unção do rei Davi. E em terceiro lugar, fez uma cerimônia declarando a Zâmbia uma “nação cristã”. Dizendo que “uma nação é abençoada quando entra num pacto com Deus”, ele se arrependeu em nome do povo “de nossos maus caminhos de idolatria, feitiçaria, ocultismo, imoralidade, injustiça e corrupção”: Eu submeto o governo e a nação inteira ao senhorio de Jesus Cristo. Ainda declaro que a Zâmbia é uma nação cristã que procurará ser governada pelos justos princípios da Palavra de Deus. A retidão e a justiça devem prevalecer em todos os níveis de governo, e aí veremos a justiça de Deus exaltando a Zâmbia. Parece que Chiluba fez essas coisas influenciado por uma teologia na qual tais atos simbólicos trazem benefícios quase automáticos. Ele disse que a Zâmbia entrou num pacto com Deus e por isso ele está abençoando a nação de tal forma que “vamos deixar de ser um país devedor e nos tornar um país credor”. 

A reação dos líderes eclesiásticos foi variada. Alguns disseram que a declaração de uma “nação cristã” foi um erro, porque não tinha havido um debate democrático a respeito, criaria cidadãos de segunda classe, incentivaria a hipocrisia e traria descrédito sobre o cristianismo. A Zâmbia se tornaria realmente uma nação cristã, disseram, quando cristãos vivessem plenamente a sua fé, e não por meio de uma declaração. Outros líderes evangélicos, porém, ficaram empolgados. Não precisava de debate democrático, disseram, porque o que é bíblico não precisa ser submetido a procedimentos democráticos! Achavam que, já que era “nação cristã”, pastores deveriam ter posições no governo, o governo deveria dar terrenos para as igrejas construírem e a construção de mesquitas muçulmanas deveria ser proibida. Alguns queriam um Ministério de Assuntos Evangélicos, cadeiras cativas no parlamento e acesso ilimitado ao palácio presidencial. Mas, depois de um tempo, mesmo alguns dos adeptos mais fervorosos do presidente começaram a ficar desgostosos. Chiluba convidava pessoalmente alguns evangelistas famosos a fazerem cruzadas evangelísticas no país. O próprio Chiluba falava nessas cruzadas também. Mas, quando ele tentou convidá-los de novo, muitos líderes evangélicos se recusaram a apoiar, dizendo que as igrejas, e não o governo, é que deveriam fazer os convites. 

Você vê que um governo “evangélico” acaba dividindo os próprios evangélicos, porque não há concordância sobre o que é tarefa do governo e o que é tarefa das igrejas. E porque não há dinheiro, favores e cargos suficientes para todos! O maior evangelista da Zâmbia era grande defensor de Chiluba. Mas, depois de certo momento, ele se desvinculou e virou um dos maiores opositores. Fundou um partido e quer se candidatar a presidente, dizendo que “não se deve entregar o país a incrédulos”. Diz que a Zâmbia não é uma nação cristã porque os líderes não vivem segundo as normas do cristianismo. Segundo ele, Chiluba não deveria ter declarado o país uma “nação cristã” até que todos os membros do governo fossem nascidos de novo. O país não precisa de alguém com muita competência e conhecimento para mudar a economia; precisa apenas de alguém com moral e integridade. Alega que Chiluba só mantém o apoio de alguns líderes cristãos porque distribui dinheiro do governo para eles e porque ameaça retirar os passaportes diplomáticos que os principais pastores têm, se criticarem o governo. Percebe como as coisas ficam embaralhadas? Aconteceram coisas parecidas na Guatemala, o país com maior porcentagem de evangélicos na América Latina. Lá, já houve dois presidentes evangélicos. O primeiro era um general extremamente repressivo, que enquanto presidente aparecia na televisão todo domingo para pregar para o povo. Hoje ele diz que, para ele, não havia diferença entre ser chefe de estado e ser ancião de sua igreja: 

“Como presidente, eu apenas ministrava a uma congregação maior”! Ele via a nação como uma megaigreja e o chefe de estado, como um mestre de verdades espirituais. O segundo presidente evangélico era líder leigo de uma grande igreja. Na época de sua campanha para presidente, ele dirigia também uma campanha de batalha espiritual chamada “Jesus é Senhor da Guatemala”. Era uma campanha para livrar o país de uma suposta maldição colocada sobre ele três mil anos antes por causa de religiões pré-cristãs. Como era de uma igreja de elite, os membros alugavam aviões para expulsar os demônios da região que sobrevoavam. Como presidente, ele foi um desastre: não aprofundou a democracia, deu continuidade às velhas práticas de compra de votos e foi corrupto. Aí, tentou um golpe, fechando o congresso e suspendendo a constituição. Não deu certo, e ele teve de fugir para o exílio. Cuidado, então, com esse triunfalismo político evangélico. Cuidado com os evangélicos que se acham capazes de governar! Temos de entender a diferença entre o Antigo e o Novo Testamentos. 

Nenhum país hoje está na posição de Israel no Antigo Testamento. Nenhum grupo pode reclamar um direito divino de governar. Esse pessoal que diz que os evangélicos devem governar nunca promove debates dentro da comunidade evangélica. Como estabelecer um projeto comum? Quais evangélicos estarão no poder? Isso eles nunca discutem. A nossa política pode ser confessional (inspirada pela nossa fé), mas não devemos querer um Estado confessional. Não é bom que o Estado se torne juiz de doutrinas e práticas religiosas. Você também, como prefeito, terá de entender a diferença entre ser um legislador evangélico e um governante evangélico. São papéis diferentes, com implicações diferentes para sua responsabilidade cristã. Como bom governante cristão, você precisará ser neutro entre todas as religiões (inclusive aquelas de que não gostamos), e entre religiosos e ateus. Você precisará perceber, também, a fronteira entre as tarefas de um governante e as de um cidadão evangélico comum.

Chiluba, promovendo cruzadas enquanto presidente, se complicou nesse ponto. Mais uma coisa para terminar: você se lembra daqueles pastores que o atacaram durante a campanha, dizendo que você era candidato do diabo? Pois bem, logo você vai perceber que esses mesmos pastores estão querendo se aproximar de você, tratando-o com (aparentemente) o maior respeito. Sabe por quê? Porque agora você não é mais candidato, mas “autoridade instituída por Deus”. Vão cortejá-lo porque têm uma teologia que quase diviniza o poder; e porque querem estar próximos do prefeito, seja quem for, para não perder vantagens. Mas fique sabendo que, do mesmo jeito que o abraçam agora, podem esfaqueá-lo pelas costas depois. Estou falando, é claro, dos piores entre eles. É possível que alguns outros passem realmente por uma mudança de visão, principalmente se você fizer um bom governo. O importante é você tratar todo mundo igual, mas não acreditar em tudo que ouve. Às vezes se brinca no meio evangélico que a última coisa que se converte é o bolso. 

Mas não é; é o fascínio pelo poder. Você agora é prefeito, é “autoridade”. Mas para mim você continua a ser uma pessoa de pouco tempo na fé, que precisa de discipulado. Tomara que quando deixar a prefeitura você esteja mais maduro na fé do que estava quando entrou. E que Santa Evangélica do Norte seja um pouco melhor também!


Um grande abraço fraterno."

David Sander Soares Pinheiro