Há
quem se pronuncie no sentido de elencar o dito filósofo no rol dos famosos
ateus. Uma revista especializada em história chegou a publicar uma matéria
relatando Sócrates como um ateu.
A associação do filósofo com o ateísmo pode
ser pelo fato dos gregos terem passado à história como uma sociedade pensante,
racional, enquanto esta condição é contraposta à religiosidade.
Mas ele não foi ateu.
Sócrates foi julgado por 500 juízes e
condenado a beber cicuta (uma espécie de chá venenoso) por dois motivos
especiais.
O primeiro motivo tem ligação com os
fatos ocorridos nos anos 411, 404 e 401, quando houve diversas tentativas de
golpe contra a democracia ateniense, todas sem êxito. Dentre os principais
elementos envolvidos nessa tentativa estavam os discípulos diretos de Sócrates.
Vale lembrar que o sistema democrático apresentado pelos gregos nunca foi bem
visto pela “trindade” da filosofia grega (Sócrates, Platão e Aristóteles),
visto que, segundo os três, somente filósofos deveriam gerir o Estado.
No entanto, a democracia permite que
ascendam ao poder qualquer do povo, guardadas as condições mínimas para tal
intento. O fato dos discípulos de Sócrates se envolverem na tentativa de golpe
levou o Estado a julgar que o preceptor dos mesmos (ou seja, Sócrates) fosse o
grande responsável por aquela situação. Por isto foi acusado de estar
corrompendo a juventude.
O segundo motivo da condenação aponta
para o fato de Sócrates ter blasfemado contra os deuses gregos, mas não pelo
fato dele ser descrente com relação a esses deuses; muito pelo contrário:
Sócrates era crente em Zeus e, dos escritos que há acerca do filósofo, é possível
ver claramente que ele se reporta de modo exaustivo a fatos de ordem
espiritual, de cuja crença nunca se desgarrou. Estava certo de que gozaria de
paz eterna. Platão discípulo de Sócrates em sua obra Fédon descreve que:
“agrupam-se os discípulos à volta do mestre amado. Chama, Sócrates, um deles
para ao pé de si e afaga-lhe os cabelos enquanto explica as suas ideias sobre a
vida e a morte, e a imortalidade da alma. É a morte ou um sono eterno, suave
esquecimento imortal em que não existe perseguição, nem injustiça, nem
desilusão, nem sofrimento, nem aflição ou é uma porta através da qual passamos
da terra para o céu, o átrio que conduz ao palácio de Deus. E lá meus amigos
ninguém é morto por suas opiniões... Alegrem-se, portanto, e não deplorem o meu
pensamento... Quando me descerem à sepultura, digam que estão a enterrar-me
apenas o corpo e não a alma... todo o longo discurso que acabo de fazer
para vos demonstrar que, ao beber o veneno, não permanecerei convosco, mas que
vos deixarei e irei gozar felicidade e bem-aventurança.
Na verdade, o real motivo da acusação de
blasfêmia é pelo fato dele ter afirmado que tinha um oráculo pessoal,
comunicação direta com Delfos, algo não aceito na religião grega.
Veja a descrição de Platão sobre o momento em que Sócrates está prestes a beber
a cicuta: “Aproxima-se a hora do pôr do sol. Entra o carcereiro com a cicuta.
Diz o carcereiro: - Peço-vos que não vos zangueis comigo, oh Sócrates, pois
outros como sabeis, são a criminosa causa de vossa morte, e não eu. Isto
dizendo, o carcereiro estende a taça a Sócrates e rompe em pranto ao voltar-lhe
as costas. Nós outros, narra Platão, também não pudemos por mais tempo
suportá-lo, e, apesar de nós mesmos, corriam-nos abundantes as lágrimas...
Apenas Sócrates se mantinha calmo. Dizia Sócrates: - Que tolice é essa? Mandei
embora as mulheres principalmente para evitar uma cena semelhante...
Aquietai-vos, pois, e deixai-me morrer em paz... pois ao menos é permitido,
como na verdade é dever, orar aos deuses, para que bendigam nossa viagem e a
tornem feliz. Isso é o que lhes peço e assim seja.”
Incrivelmente, apesar de todo o saber que
lhe é atribuído, não se separou das crenças relacionadas aos deuses gregos.
Sócrates nem era ateu
nem deísta. Era teísta convicto.
Penso que se os ateus
precisam de alguém para enfileirar as suas trincheiras, o majestoso filósofo
grego está fora deste time. Sócrates cria, não está em questão a natureza da fé
de Sócrates, mas apenas registrar sua fé. O Pr. Caio Fábio diz que em via de
regra, o ateísmo nada mais é do que uma resposta de desilusão, para com a
religião judaico-cristã, com raríssimas exceções, uma vez que, não encontramos
índios ateus, pois a fé é inerente ao gênero humano.
Crer ou não é uma
questão relacionada a subjetividade de cada um de nós, apenas sejamos mais
coerentes em usar personagens históricos tão relevantes para respaldar o que
quer que seja!
David Sander Soares Pinheiro
Não bastava plagiar, tinha que complementar com mais asneira... Complicado!
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ExcluirFoi muito útil essa informação
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